Como Os esportes de aventura podem auxiliar no desenvolvimento motor dos alunos

A mente e o corpo são uma coisa só e para o desenvolvimento do primeiro é necessário desenvolver o segundo, de forma integral.

Essa conclusão, feita por professores e especialistas, parece simples e óbvia, mas a realidade é outra na maioria das escolas. A Educação Física, muitas vezes, é considerada uma disciplina e uma prática secundária que serve apenas como um momento de distração entre as atividades que realmente importam: aulas de Matemática, Português, Ciências etc.

Para a professora associada da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (USP), Katia Rubio, a prática esportiva e o desenvolvimento físico dos estudantes deveriam ser vistos pela escola como igualmente importantes.

“A cabeça e o corpo são uma coisa só. A inteligência habita um corpo que pensa soluções para o mundo e esse corpo precisa ser compreendido integralmente. O desenvolvimento da mente precisa ser acompanhado pelo desenvolvimento de habilidades motoras”, afirmou a docente da USP.

Para o professor do programa de pós-graduação em Educação Física escolar da Federal de Pernambuco (UFPE), José Luis Simões, o desenvolvimento físico dos estudantes é essencial, inclusive para garantir o desenvolvimento intelectual. Uma criança que pratica atividades físicas fica mais disposta, estimulando a circulação de oxigênio no sangue e no cérebro, o que melhora a capacidade de raciocínio.

O docente também lista algumas das competências que a atividade física pode desenvolver nos estudantes: habilidade motora, resistência física, capacidade de raciocínio, ética e solidariedade. “A quadra precisa ser compreendida como uma sala de aula onde os jovens e crianças podem desenvolver habilidades tão importantes quanto nas demais matérias”, afirmou Simões.

Jogos

A ex-jogadora de vôlei e diretora do Instituto Esporte & Educação, Ana Moser, afirmou ao Centro de Referências em Educação Integral, que a prática esportiva na escola pode promover valores e ajudar as crianças a criarem raízes com a localidade do entorno. Ela cita como exemplo que a prática esportiva na escola pode ser desenvolvida por meio de jogos com as crianças, pesquisando quais são os esportes e jogos praticados naquela região.

“O professor pode pesquisar e construir materiais, jogos e brincadeiras que os pais e avós faziam. Construir junto com o grupo de estudantes o entendimento das regras e das estratégias de uma modalidade como basquete, futebol, vôlei. A Educação Física tem que trabalhar o fazer, contextualizado no que é cognitivo, conhecimento e no que é emocional e no que é relação”, afirmou.

Os jogos podem uma importante ferramente que deve ser utilizado na educação física. Foto: Fundação Gol de Letra

Crédito: Foto: Fundação Gol de Letra

Ela defende que os jogos e brincadeiras são práticas que deveriam ser mais utilizadas na Educação Física. Em primeiro lugar porque são potencialmente mais inclusivos e permitem maior interação de todos com a prática de atividades físicas.

“No jogo, primeiro, as crianças têm um tempo muito maior de envolvimento do que nos esportes tradicionais, nos quais, às vezes, o estudante toca a bola por 2-3 minutos numa aula de 50 minutos. No jogo, não. Com ou sem a bola, está mobilizado o tempo todo para a atividade física”.

Atividades de acordo com idade

As atividades a serem desenvolvidas na escola podem ser pensadas de acordo com a faixa etária dos estudantes de forma a garantir o desenvolvimento integral.

Segundo especialistas, até os 6 anos, o recomendado é trabalhar a parte física por meio da recreação, com brincadeiras lúdicas. Até os 10,11 anos é o momento para desenvolver noções importantes a partir de jogos que desenvolvam noção de lateralidade, equilíbrio, espaço, tempo e que trabalham a criatividade.

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Fábio Luís Martins, mestre pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e professor de Educação Física da rede municipal e estadual em Londrina (PR), conta que para seus alunos de até 11 anos ele costuma trabalhar com jogos, mas de uma maneira um pouco diferente. Além de dar uma bola e explicar as regras, ele estimula os seus estudantes a repensaram os princípios, adaptando o jogo para distintos contextos, levando em consideração os estudantes que estão participando.

“Em um primeiro momento, eu explico as regras do jogo, sua origem e transformações ao longo do tempo. Depois, levo-os para a quadra para praticar e quando eles aprendem a fazer faço uma assembleia em que eles fazem mudanças nas regras para que aquele jogo faça mais sentido para eles”, afirmou Martins.

Ele explica que para além dos exercícios em si, a Educação Física também pode trabalhar de forma interdisciplinar. Ao contar sobre a história do surgimento do esporte é preciso explicar em qual país e contexto social ele pode se desenvolver, quando as regras mudam e por que mudam e quais interesses estão implicados em tais alterações.

“As regras do vôlei foram alteradas para tornar o esporte mais atrativo para a televisão. Quando falo isso, discuto o tema da mídia. Na maioria dos esportes mulheres ganham menos que os homens em patrocínios e premiações e aí entra a discussão da desigualdade de gênero. É preciso trabalhar de maneira interdisciplinar”, afirmou o professor.

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