Como o assistente social deve atuar nos espaços sócio ocupacionais ressaltando os princípios éticos que devem nortear as estratégias de tomada de decisão do profissional?

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Em resposta à histórica requisição social, bem como às finalidades, objetivos, valores e princípios com direção ética e política da profissão, os Assistentes Sociais brasileiros possuem o compromisso com a classe trabalhadora e os processos emancipatórios na perspectiva de uma sociedade igualitária.

O projeto ético e político do Serviço Social, que orienta o exercício e a formação profissional, resultou de um processo histórico de construção coletiva, sob a direção das entidades nacionais da categoria (CFESS/CRESS, ABEPSS e ENESSO). Este projeto de profissão e sociedade é explicitado no Código de Ética Profissional, na Lei de Regulamentação da Profissão (Lei 8662/93) e nas Diretrizes Curriculares aprovadas pela ABEPSS em 1996.

No cotidiano, os profissionais devem promover estratégias técnico-políticas nos diversos espaços sócio institucionais que concretizem princípios como: - ampliação da liberdade, concebida como autonomia, emancipação e pleno desenvolvimento dos indivíduos; - defesa intransigente dos direitos humanos contra todo tipo de arbítrio e autoritarismo; - defesa e aprofundamento e consolidação da cidadania e da democracia (socialização da riqueza socialmente produzida e da participação política); - defesa da equidade e da justiça social, universalizando o acesso a bens e serviços relativos a programas e políticas sociais e a sua gestão democrática; - compromisso com a qualidade na prestação dos serviços, competência profissional e articulação com outros profissionais e trabalhadores.

O que é um projeto?


Um projeto indica a direção que uma sociedade ou uma categoria constrói para concretizar o que idealizou, o que sonhou e sonha.

Os projetos coletivos se relacionam com as diversas particularidades que envolvem vários interesses sociais presentes em uma determinada sociedade. Questões culturais, políticas e econômicas articulam e constituem os projetos coletivos.

Os projetos coletivos de maior abrangência são chamados de projetos societários, constituem-se em projetos macroscópicos, para o conjunto da sociedade. Apresentam uma imagem de sociedade a ser construída, que reclamam determinados valores para justificá-la e que privilegiam certos meios (materiais e culturais) para concretizá-la. Podem ser de transformação ou conservadores.

Os projetos profissionais apresentam a autoimagem de uma profissão; elegem os valores que a legitimam; delimitam e priorizam seus objetivos e funções; formulam os requisitos (teóricos, institucionais e práticos) para o seu exercício; prescrevem normas para o comportamento dos profissionais; estabelecem as balizas da sua relação com os usuários dos serviços, com as outras profissões e com as organizações e instituições sociais, privadas e públicas; são construídos por um sujeito coletivo – a categoria profissional; e através da sua organização (que envolve os profissionais em atividades, as instituições formadoras, os pesquisadores, os docentes e estudantes da área, seus organismos corporativo e sindicais) que a categoria elabora o seu projeto profissional (NETTO,1999).

O QUE É O PROJETO ÉTICO-POLÍTICO DO SERVIÇO SOCIAL?

O termo PROJETO ÉTICO-POLÍTICO PROFISSIONAL significa uma projeção coletiva que envolve sujeitos individuais e coletivos (daí a ideia de projeto) em torno de uma determinada valoração ética (daí o termo ético) que está intimamente vinculada a determinados projetos societários (daí o termo político, no seu sentido mais amplo) presentes na sociedade que se relacionam com diversos projetos coletivos em disputa na mesma sociedade (daí o termo profissional, expressando a particularidade de uma categoria).

O PROJETO ÉTICO-POLÍTICO DO SERVIÇO SOCIAL não foi construído de maneira efêmera. Sua gênese se localiza na segunda metade da década de 70 e teve como marco o III CBAS, conhecido como "Congresso da Virada". Esse mesmo projeto avançou nos anos 80, num processo de redemocratização da sociedade brasileira, recusando o conservadorismo profissional ainda presente no Serviço Social brasileiro.

Constata-se o seu amadurecimento na década de 1990, período de profundas transformações societárias que afetam a produção, a economia, a política, o Estado, a cultura, o trabalho, marcadas pelo modelo de acumulação flexível e pelo neoliberalismo. O projeto ético-político profissional hoje ainda se encontra em construção e fortemente tensionado pelos rumos neoliberais da sociedade e por uma nova reação conservadora no seio da profissão.

Segundo Yasbeck, o processo de construção do projeto ético-político envolve:

(...) um conjunto de componentes que necessita se articular: são valores, saberes, e escolhas teóricas, práticas, ideológicas, políticas, éticas, normatizações acerca de direitos e deveres, recursos políticos organizativos, processos de debate, investigação, interlocução crítica com o movimento da sociedade, da qual a profissão é parte e expressão (2004,p.12)

As condições necessárias para desenvolver e aprofundar o projeto ético-político são:

  • Condição política, que teve na luta pela democracia seu principal rebatimento, onde as aspirações democráticas e populares foram incorporadas e intensificadas pelas vanguardas do Serviço Social.
  • Espaço legitimado na academia, que permitiu a profissão estabelecer fecunda interlocução com as Ciências Sociais e criar e revelar quadros intelectuais respeitados no conjunto da categoria.
  • Debate sobre a formação profissional, cujo empenho foi dirigido no sentido de adequá-la às novas condições postas, em um marco democrático da questão social. Em suma, a construção de um novo perfil profissional.

No interior da categoria profissional, modalidades prático-interventivas tradicionais foram ressignificadas e novas áreas e campos de intervenção foram emergindo devido, sobretudo, às conquistas dos direitos cívicos e sociais que acompanharam a restauração democrática na sociedade brasileira (práticas interventivas junto a categorias sociais como criança, adolescente, mulheres e outras.

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ESTRUTURA BÁSICA DO PROJETO ÉTICO-POLÍTICO:

Núcleo:

  • Reconhecimento da liberdade como valor central
  • Compromisso com a autonomia, a emancipação e a plena expansão dos indivíduos sociais.
  • Vincula-se a um projeto societário que propõe a construção de uma nova ordem social


Dimensão política:
Se posiciona a favor da equidade e da justiça social, na perspectiva da universalização; a ampliação e consolidação da cidadania. Este projeto se reclama radicalmente democrático – socialização da participação política e socialização da riqueza socialmente produzida.


Do ponto de vista profissional: 
O projeto implica o compromisso com a competência, cuja base é o aprimoramento profissional – preocupação com a (auto) formação permanente e uma constante postura investigativa.


Usuários: 
O projeto prioriza uma nova relação sistemática com os usuários dos serviços oferecidos – compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população, a publicitação dos recursos institucionais e sobretudo, abrir as decisões institucionais à participação dos usuários.

Articulação com os segmentos de outras categorias profissionais que partilhem de propostas similares e com os movimentos que se solidarizam com a luta geral dos trabalhadores.

COMPONENTES QUE MATERIALIZAM O PROJETO ÉTICO-POLÍTICO:

Dimensão da produção de conhecimento no interior do Serviço Social: 
É a esfera da sistematização das modalidades práticas da profissão, onde se apresentam os processos reflexivos do fazer profissional.

Dimensão político-organizativo da profissão: 
Fóruns de deliberação e as entidades representativas (conjunto CFESS/CRESS, ABEPSS e as demais associações político-profissionais, movimento estudantil representado pelo conjunto dos CA’s e DA’s e pela ENESSO). É aqui que são tecidos os traços gerais do projeto, quando são reafirmados (ou não) determinados compromissos e princípios.

Dimensão jurídico-política da profissão: 
Aparato político-jurídico estritamente profissional (Código de Ética Profissional e a Lei de Regulamentação da Profissão – Lei 8.662/93 e as novas Diretrizes Curriculares do MEC; aparato jurídico-político de caráter mais abrangente (conjunto das leis advindas do capítulo da Ordem Social da Constituição Federal de 1988).

DESAFIOS IMPOSTOS AO PROJETO ÉTICO-POLÍTICO PROFISSIONAL
Com a consolidação e expansão do neoliberalismo que conduz a perdas dos direitos sociais já conquistados, induzindo a massa trabalhadora a um aumento da precariedade de suas condições de vida e de trabalho, diminuindo a empregabilidade, a remuneração, em contrapartida, aumentando a miséria e o Estado tirando sua responsabilidade sobre o investimento nas políticas sociais.

Esse é o desafio posto aos assistentes sociais nos dias atuais:

Como reforçar e consolidar este projeto político profissional em um terreno profundamente adverso; como atualizá-lo ante o novo contexto social, sem abrir mão dos princípios éticos políticos que o norteiam. Ora, a vitalidade deste projeto encontra-se estreitamente relacionada à capacidade de adequá-lo aos novos desafios conjunturais, reconhecendo as tendências dos processos sociais, de modo que torne possível a qualificação do exercício e da formação profissional na concretização dos rumos perseguidos. (Iamamoto:1998,p.113-114).

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Quais são os quatro principais espaços sócio ocupacionais de atuação do assistente social na Proteção social Básica?

(1) Política Nacional da Assistência Social (2) Política Nacional da Saúde (3) Proteção Social Média Complexidade (4) Proteção Social Alta Complexidade ( ) Uma das que áreas que mais sofreu transformações a partir do Constituição Federal de 1988, é política não-contributiva, direito de todos os cidadãos e dever do ...

Quais são os espaços ocupacionais em que o assistente social pode trabalhar?

Para que você conheça melhor a profissão, anote aí os 7 principais locais em que o assistente social pode trabalhar!.
Órgãos governamentais. ... .
Empresas de serviço social. ... .
Escolas públicas e particulares. ... .
Organizações não-governamentais. ... .
Clínicas, hospitais e postos de saúde. ... .
Conselhos de políticas públicas..

Como se organizam os espaços sócio ocupacionais do assistente social?

Nos diversos espaços socio-ocupacionais do profissional de Serviço Social, considera-se relevante fomentar pesquisas e projetos que propiciem a apreensão do modo de vida e de trabalho das pessoas atendidas, bem como das expressões culturais inerentes, com objetivo de criar um conjunto de informações a respeito dos ...

São espaços sócio ocupacionais do assistente social o que se afirma em?

A gênese dos espaços ocupacionais do assistente social tem por fundamento as alterações nos processos sociais que definiram historicamente a necessidade do assistente social, enquanto profissional para atuar na “luta contra-hegemônica” que deve estar atrelada ao “universo do trabalho”.

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