Como a revolução industrial contribuiu para a urbanização do continente europeu?

Termo utilizado por alguns historiadores para designar o conjunto das transformações tecnológicas e industriais que, de forma radical, ocorreu entre cerca de 1730 e 1850 na Inglaterra, alastrando, no decurso do século XIX, ao continente europeu, América do Norte e Japão. A Inglaterra, nação pioneira, passaria, tal como os seus sucedâneos, de um país agrícola a uma sociedade industrializada. Esta expressão traduz também uma evolução em termos de regime de produção, com a passagem da manufatura para a maquinofatura, com todas as suas alterações e avanços técnicos.
Porquê a Inglaterra como primeiro país a encetar toda esta transformação? A resposta a esta questão conduz-nos, simultaneamente, à clarificação daquilo que foi a Revolução Industrial. De facto, aquele país reunia um conjunto de condições e fatores que possibilitaram o desencadear deste fenómeno. Primeiramente, atravessava uma Revolução Agrícola, de que colhia já os primeiros dividendos. Possuía, por isso, uma agricultura produtora de matérias-primas estratégicas (como lã e linho) e de recursos alimentares, gerando capitais (a sua acumulação criará bases para potenciais investimentos na atividade nascente) e fornecendo à indústria mão de obra, que se tornaria excedentária nos campos devido à mecanização. Existia também, neste país, uma tradição manufatureira ligada à lã que, tal como o algodão, a juta e o cânhamo coloniais, contribuía para a diversificação da antiga "indústria" têxtil inglesa. Havia já, portanto, um certo grau de especialização e evolução técnica na mão de obra nacional, mentalmente preparada e adaptada a uma evolução mais rápida do seu tecido produtivo (maior quantidade e melhor qualidade, mais rapidez).
O vasto império colonial inglês, em fase de expansão (na Oceânia, na Ásia e em África), origem de avultadas somas de dinheiro, era uma fonte abastecedora de matérias-primas (algodão e minerais, por exemplo) e também um mercado potencial para as produções britânicas. A par desta dinâmica produtiva e comercial, ativadora da circulação de produtos e capitais, afigurava-se também o mercado europeu como fator de incentivo à produção industrial e agrícola inglesa.

Interior de uma unidade industrial

Panorâmica de uma indústria de refinação (finais do séc. XX)

Cyrus Hall McCormick , industrial norte-americano, autor da primeira ceifeira mecânica

George Stephenson, inventor britânico, autor da primeira locomotiva a vapor

Vista de uma unidade de produção industrial (séc. XX)

A primeira máquina de fiar automática, inventada pelo inglês James Hargreaves

Jethro Tull, agrónomo e inventor inglês, autor da primeira máquina de semear de tração animal

Fumo poluente saindo de uma chaminé industrial

Vista aérea de uma zona para extração de calcário, no Centro de Portugal, para a indústria do cimento

Jacques de Vaucanson, mecânico francês, autor do primeiro tear automático

Comboio no século XIX: resultado da aplicação da máquina a vapor à locomotiva

Aspeto dos efeitos da Revolução Industrial numa cidade (princípios do século XIX)

Aspeto de uma unidade industrial (séc. XX)

Richard Arkwright, industrial inglês, o primeiro inventor a criar com sucesso um sistema de produção em massa

Robert Fulton, inventor norte-americano e pioneiro na utilização do vapor como meio de propulsão de embarcações

Charles Dickens denunciava, nas suas obras, a vida difícil do operário na sociedade industrial emergente (quadro de A. Scheffer)

Chaminés numa unidade industrial (séc. XX)

Para além daqueles condicionalismos económicos, existiam outros fatores de primordial importância para o eclodir da industrialização em Inglaterra. As inovações de carácter técnico e científico - de que se destacam a máquina de cardar de Richard Arkwright, em 1733, a máquina a vapor de James Watt, em 1777, e o tear mecânico de Cartwright, em 1785 - são um desses fatores, eles próprios gerando indústria ou possibilitando avanços noutras áreas produtivas. As condições naturais ou geográficas concorreram também na conjugação das condições necessárias para o arranque deste processo em Inglaterra: a existência de carvão (esta primeira fase industrial chamar-se-á mesmo "do carvão") e ferro em abundância no subsolo britânico e de rios (perto das minas) foi uma das bases desta mutação. Bons portos, canais e condições de transporte secundaram as capacidades naturais da Inglaterra no século XVIII, facilitando o escoamento e a circulação de produtos, para além das trocas internacionais ou coloniais. Alguns historiadores referem a Revolução Industrial inglesa como servindo de ponto de partida para uma denominada revolução dos transportes, visível quer na construção de uma rede de canais quer na construção contínua de milhares de quilómetros de caminhos de ferro, principalmente no século XIX.
O poder político contribuiu, igualmente, para este arranque industrial inglês, através da existência de um regime parlamentarista baseado na nobreza (agrária) e na burguesia (mercantil e manufatureira), ambas extremamente empreendedoras e economicamente ativas, potenciais investidoras e interessadas no desenvolvimento industrial da nação. A criação de medidas tendentes a um liberalismo económico dotará a Revolução Industrial de uma base política e legislativa favorável à criação de fábricas e ao estabelecimento de circuitos de produção e distribuição, para além de um protecionismo e apoio nacionais amplos.
Paralelamente à Revolução Industrial - e a ela estreitamente ligada, como causa ou efeito - assiste-se a uma revolução demográfica, assinalada pela descida da taxa de mortalidade e até pelo aumento da natalidade, devido às melhorias nas condições sanitárias e de nível económico das populações, bem como aos avanços científicos. Tudo isto resultará num aumento da população, o que significa um acréscimo de mão de obra, necessária à industrialização crescente da Inglaterra. Esta mão de obra fixar-se-á principalmente nas regiões industrializadas junto de minas de carvão e ferro, dando origem a povoações que rapidamente se transformarão em cidades ou crescerão em tamanho e importância económica. Newcastle, Manchester, Birmingham, entre outras, são exemplos conhecidos desse fenómeno de urbanização da Grã-Bretanha devido à Revolução Industrial. Porém, todo esse crescimento criará zonas de miséria e degradação urbana, para além de um excedente de mão de obra que se traduzirá em desemprego, marginalidade e deterioração das condições de vida nas cidades, nomeadamente nos arrabaldes.
A industrialização avançará, no século XIX, para além da Mancha e do Atlântico, conquistando cada vez mais países ao novo regime de produção e a todos os dividendos materiais e políticos que dele advinham. A França (1830-40) será o primeiro país, depois da Inglaterra, a encetar uma Revolução Industrial, seguindo-se os EUA (começam entre 1846 e 1865, mas será após a Guerra da Secessão que conhecerão a pujante industrialização do país, aproveitando as imensas riquezas do subsolo e as potencialidades económicas da nação), a Alemanha (1850), a Suécia (1870), o Japão (1880), a Rússia (1890), o Canadá e a Austrália, a partir de 1900. Estas datas referem-se a momentos em que historicamente se pode comprovar em concreto a existência de um esforço e de uma política nacional de aproveitamento de condições propícias ao desenvolvimento industrial. A economia destes países não mais deixará de depender da indústria e de todas as mutações que ela originou, atingindo todos os domínios de vida: mentalidade, cultura, quotidiano, trabalho...
Industrializar significava cada vez mais desenvolver, enriquecer, criar condições e padrões de vida elevados, em oposição aos países que mais tardiamente - ou nunca - enveredaram por uma revolução industrial. Realça-se cada vez mais o fosso entre países ricos e pobres, industrializados e não industrializados. A partir da Revolução Industrial, talvez a mais profunda transformação que jamais afetou a Humanidade desde o Neolítico, as economias nacionais passam a poder, cada vez mais, distribuir ou fornecer bens e serviços (multiplicando-os ininterruptamente até hoje) a um número cada vez maior de pessoas. Fenómeno amplo, gerador de um crescimento irreversível, a Revolução Industrial alterará gradualmente as regras de mercado e de iniciativa individual, as tecnologias, e a atitude do homem perante o trabalho e a economia.

Como a Revolução Industrial contribuiu para a urbanização do continente?

Com a instalação de indústrias nos centros urbanos, muitos trabalhadores foram atraídos, o que desencadeou o fenômeno migratório denominado de êxodo rural (deslocamento de trabalhadores rurais para as cidades).

Como a Revolução Industrial impactou no processo de urbanização?

Portanto, em resumo, podemos dizer que os efeitos da industrialização na urbanização são: intensificação do crescimento das cidades; concentração populacional; crescimento do setor terciário e a inversão da relação de subordinação entre campo e cidade.

Como se deu o processo de urbanização da Europa?

Consideraremos a urbanização da Europa a partir do declínio do Império Romano, que tinha suas atividades centradas na economia rural e escravagista. Com o enfraquecimento deste modelo, muitas cidades construídas no período para serem a sede do poder político ou comercial, foram abandonadas.

Qual a relação entre o processo de industrialização e urbanização ocorrido na Europa?

Os processos de industrialização e urbanização estão intrinsecamente interligados. Foi com os avanços e transformações proporcionados, por exemplo, pelas Revoluções Industriais na Europa que esse continente concebeu o crescimento exponencial de suas principais cidades, aquelas mais industrializadas.