14 de Abril de 1857 Show
21 de Janeiro de 1913 (55 anos) ResumoAluísio Azevedo foi o maior representante do naturalismo na literatura brasileira. Foi com o livro “O Mulato” que o autor apresentou as primeiras marcas do movimento literário ao público, assim como as críticas à escravidão. Seguiu a linha naturalista também na obra “O Cortiço”. O autor maranhense ainda atuou como jornalista e caricaturista, devido ao talento para o desenho. Apesar da relevância que Aluísio desfrutou na literatura, acabou
optando por atuar como diplomata. Os últimos anos de vida do escritor, inclusive, não foram dedicados aos livros e sim à vida como diplomata e enfim cônsul, residindo em Buenos Aires. Na Academia Brasileira de Letras, Azevedo fundou a cadeira nº 4, que tem Basílio da Gama como patrono. Movimento LiterárioAluísio chegou a publicar textos com características românticas, que vendiam com mais facilidade e agradavam o público. Porém, o movimento que marcou o
autor foi o naturalismo, presente em suas obras mais importantes. Estilo As casas de pensão, onde moravam muitas pessoas humildes, foram retratadas por Aluísio em uma de suas obras mais
aclamadas, “O Cortiço”. Além da exploração dos portugueses e o preconceito racial, temas constantes do autor. BiografiaAluísio Azevedo conviveu com o preconceito desde muito cedo. O relacionamento dos pais, David Gonçalves de Azevedo e Emília Amália Pinto de Magalhães, era julgado pela sociedade tradicionalista, já que David era viúvo, Emília separada e os dois não oficializaram a união. Nascido em São Luís do Maranhão, o jovem foi cursar a Academia Imperial de
Belas Artes em 1876, no Rio de Janeiro. Com grande talento para as artes, em especial para desenho e pintura, chegou a trabalhar com caricaturas. Seus desenhos eram publicados em: “Zig-Zag”, “A Semana Ilustrada”, “O Figaro” e “O Mequetrefe”. Volta-se para a literatura por motivos financeiros. Com a morte do pai, em 1878, precisa retornar ao Maranhão para ajudar os familiares. Com isso, encontra na escrita um sustento. A primeira publicação, com características do
romantismo, é “Uma lágrima de mulher”. Mas a obra que reflete melhor as características literárias do autor é “O Mulato”, texto em que a questão abolicionista é tratada sem pudores. É o começo do naturalismo no Brasil. Nessa época, 1881, o autor volta ao Rio e passa a produzir peças, contos e romances. Suas convicções abolicionistas fizeram com que o autor colaborasse com “O Pensador”, um jornal anticlerical que publicava textos em favor da abolição da escravatura. Como era
caricaturista, costumava desenhar seus personagens antes de escrever para visualizar melhor como seriam as histórias. Em 1895 foi nomeado diplomata e passou por vários países, entre eles Argentina, Itália, Inglaterra e Japão. Vinte anos depois, Aluísio foi morar novamente em Buenos Aires como cônsul de primeira classe. A literatura foi deixada de lado. Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal. Aluísio Azevedo foi o principal autor da vertente naturalista no Brasil e o primeiro escritor a viver de literatura no país. Exímio retratista de tipos sociais, escreveu inúmeras obras, entre romances, contos, crônicas e peças teatrais, além de ter sido desenhista e caricaturista. Sua produção literária concentra-se entre os anos de 1882 e 1895, aproximadamente, com destaque para o célebre romance O cortiço, leitura obrigatória para ingresso em diversas universidades brasileiras, bem como para a compreensão das estruturas sociais cariocas, no final do século XIX, pautadas na exploração econômica e na perpetuação das desigualdades. Leia também: Guimarães Rosa – reinventor da língua portuguesa Tópicos deste artigo
Biografia de Aluísio de AzevedoNascido em São Luís do Maranhão (MA), em 14 de abril de 1857, Aluísio Azevedo era filho de D. Emília Amália Pinto de Magalhães e do vice-cônsul português David Gonçalves de Azevedo. Demonstrou, desde muito jovem, grande interesse por desenho e pintura, o que o levou a mudar-se para o Rio de Janeiro em 1876, a fim de matricular-se na Imperial Academia de Belas Artes. Para manter-se na capital, desenhava caricaturas para os jornais O Fígaro, A Semana Ilustrada, O Mequetrefe, e Zig-Zag. Também rascunhava cenas de romances. Morto seu pai em 1878, retorna a São Luís, onde dá início à sua carreira de escritor no ano seguinte, com o romance Uma lágrima de mulher, ainda aos moldes da estética romântica. Trabalha também para a fundação do jornal O Pensador, publicação anticlerical e abolicionista. Em 1881, lança seu primeiro romance naturalista, O mulato, abordando o assunto do preconceito racial. Bem recebido na corte, apesar da temática da obra ter sido considerada escandalosa, Aluísio embarca de volta para o Rio de Janeiro, decidido a ganhar a vida como escritor. De volta à capital do Império, produz diversos folhetins, que garantiam sua sobrevivência. Nos intervalos dessas publicações, geralmente melodramáticas e românticas, dedicava-se à pesquisa e à escrita naturalista, que o consagrou como grande autor brasileiro. Foi nessa época que lançou suas principais obras, Casa de pensão (1884) e O cortiço (1890). Aprovado em concurso para o cargo de cônsul em 1895, abandona a carreira literária. Reside na Espanha, no Japão, na Inglaterra, na Itália, na França, no Uruguai, no Paraguai e na Argentina, onde falece, em Buenos Aires, em 21 de janeiro de 1913.
Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;) Características literárias de Aluísio AzevedoA obra de Aluísio Azevedo é dividida em dois momentos: o primeiro ainda segue a fórmula dos melodramas românticos — embora a estética já se encontrasse em franca decadência, eram textos em forma de folhetim que arrebatavam muitas vendas, possibilitando que o autor se sustentasse apenas com a literatura, caso raro no Brasil. O segundo momento refere-se às obras escritas à luz da estética naturalista — e foram esses trabalhos que renderam ao autor grande destaque no cânone nacional. Azevedo reverbera em sua obra naturalista a influência das ideias deterministas de Hippolyte Taine, que entendia que a compreensão do ser humano e da história pautava-se em três alicerces, a saber, o meio, a raça e o momento histórico. É com base nesse arsenal teórico que Azevedo constrói a trama de seus romances naturalistas, como em O cortiço — o meio (o próprio cortiço) condiciona o grupo (a raça), determinando as relações humanas no interior da habitação coletiva. Também era grande admirador do positivismo, doutrina de pensamento disseminada por Auguste Comte, que, entre outras características, defendia o cientificismo, de modo que Azevedo entende o ser humano como objeto de estudo científico. Para escrever o já citado O cortiço, o autor visitou diversas dessas instalações no Rio de Janeiro, observando atentamente as relações, costumes e diálogos do cotidiano de seus habitantes. Foi também influenciado por Émile Zola, o precursor do naturalismo francês, colocando em prática a ideia de uma literatura que fosse além da observação: o autor passa a ser um experimentador, trabalhando com os fatos sociais e buscando comprovar a influência do meio e dos fatos sobre o desenvolvimento humano. Além de Zola, o autor inspirou-se em Eça de Queirós, principalmente para a descrição minuciosa dos ambientes urbanos e de suas personagens. Azevedo escreveu crônicas e peças teatrais, mas de sua obra destacam-se os romances em prosa, principalmente O mulato (1881), considerado o primeiro romance naturalista brasileiro; Casa de pensão (1884) e O cortiço (1890). São recorrentes em sua literatura as seguintes características:
Veja também: Realismo no Brasil e suas diferenças com a tendência naturalista Obras de Aluísio AzevedoRomances
Teatro
Contos
Veja também: Euclides da Cunha – pioneiro entre na aproximação entre literatura e história Considerações sobre a obra de Aluísio de Azevedo
O mulato é a estreia do naturalismo na literatura brasileira. O enredo é protagonizado por Raimundo, filho de pai branco e mãe escravizada, o qual cresceu com instrução intelectual e posses, estudando Direito em Portugal. O narrador onisciente dá a descrição da personagem: “Raimundo tinha vinte e seis anos e seria um tipo, se não fossem os grandes olhos azuis, que puxara do pai. Cabelos muito pretos, lustrosos e crespos; tez morena e amulatada, mas fina; dentes claros que reluziam sob a negrura do bigode; estatura alta e elegante; pescoço largo; nariz direito e fronte espaçosa. A parte mais característica da sua fisionomia eram os olhos: grandes, ramalhudos, cheios de sombras azuis; pestanas eriçadas e negras, pálpebras de um roxo vaporoso e úmido; as sobrancelhas, muito desenhadas no rosto, como a nanquim, fazia sobressair a frescura da epiderme, que, no lugar de barba raspada, lembrava os tons suaves e transparentes de uma aquarela sobre papel de arroz.” Ao retornar, não entende por que não é aceito na alta sociedade maranhense, principalmente depois de pretender a mão de sua prima, Ana. A família e membros da Igreja católica opõem-se veementemente à união do casal.
A intriga, portanto, consiste num melodrama romântico, mas as desditas do casal são tratadas já de uma outra maneira, diferente da escola do romantismo. O desejo do autor é provar apresença do preconceito racial na sociedade brasileira, em suas famílias e instituições, o que o faz, principalmente, por meio de descrições quase sempre grotescas. Caricaturas mordazes do comerciante rico e grosseiro, da velha beata e raivosa, e do clérigo relaxado, segundo Alfredo Bosi, compõem o quadro das personagens. Trata-se de uma bandeira aberta contra o conservadorismo e a corrupção do clero, que corroíam a sociedade maranhense.
Casa de pensão foi o livro que consagrou Aluísio Azevedo na estética naturalista. Da realidade proveio a matéria-prima para o romance, protagonizado por Amâncio, estudante que vai para o Rio de Janeiro e hospeda-se em uma pensão. Reduto da boemia estudantil, a pensão é palco das mais diversas promiscuidades, patologias e comportamentos degradantes, cuja descrição é a consolidação dos procedimentos realistas-naturalistas de Azevedo:
Envolve-se com Amélia, graças ao plano arquitetado pela mãe da moça, Madame Brizard, dona da pensão, interessada em tirar vantagem da fortuna do protagonista:
A descrição de personagens moralmente degradadas, hostis, combinadas a um ambiente familiar vicioso, revela as hipocrisias enraizadas na sociedade brasileira. A mediocridade e a mentalidade burguesa, que valoriza o dinheiro em primeiro lugar, por isso não tem escrúpulos, são abordadas de maneira determinista — o meio influencia o desastroso destino das personagens.
O cortiço é o principal romance de Aluísio Azevedo, no qual o autor desenvolveu veementemente as premissas naturalistas. Com base no quadro — o espaço do cortiço —, desenvolvem-se as figuras. São as cenas coletivas dos tipos psicológicos de seus habitantes que tecem o cortiço como a principal personagem do romance. Propriedade do português João Romão (imagem do europeu explorador, que enriquece à custa da miséria dos outros), consistia em 95 casinhas, pagas por mês, e tinas para lavadeiras, pagas por dia, tudo adiantado. As lavadeiras que ali morassem não pagavam pelas tinas. Assim esse local é descrito:
Vê-se nitidamente, nessa e em outras passagens, descrições que aproximam a vida social humana do animalesco, do orgânico, como que regida por leis fisiológicas, fazendo-se abundante uso de metáforas deformadoras do espaço e das personagens. Esse apanhado vivo da habitação coletiva era também uma mistura de raças, todas exploradas pelo senhorio João Romão. Trata-se de uma alegoria da situação econômica do Brasil como um todo, onde brancos, negros e mestiços eram igualmente explorados pelo português ganhador de dinheiro, que ascende social e economicamente sugando o trabalho dos outros. videoaula da análise literária de O cortiço O sexo é um tema recorrente e também uma premissa naturalista. Animalizadas e hipersexualizadas, as personagens são desnudadas ao longo do romance, enfatizados seus desejos, vícios e fisiologia. A menstruação — um tabu para a época — é descrita como nunca na literatura brasileira. Cenas de adultério e de homossexualidade (à época, tida como patologia) também são abundantes, bem como a presença da prostituição e da figura da jovem virginal que acaba transformando-se em prostituta. Veja um excerto em que o autor atribui condições animalescas à personagem Léonie:
Por Luiza Brandino Que obra Aluísio Azevedo se projetou intelectualmente no cenário literário?Aluísio Azevedo foi o maior representante do naturalismo na literatura brasileira. Foi com o livro “O Mulato” que o autor apresentou as primeiras marcas do movimento literário ao público, assim como as críticas à escravidão. Seguiu a linha naturalista também na obra “O Cortiço”.
Qual foi a principal obra de Aluísio de Azevedo?Da fase naturalista, a mais importante de sua carreira, as principais obras são os romances: O mulato (1881); O cortiço (1890); Casa de pensão (1894).
Qual o livro de Aluísio Azevedo foi levado ao cinema?O Cortiço também foi levado para o cinema.
Qual foi a primeira obra de Aluísio Azevedo?Em 1878, com o falecimento do pai, Aluísio retornou a São Luís do Maranhão para contribuir com o sustento da família. Nesse período, abandonou momentaneamente os desenhos para se dedicar à produção literária. Em 1879, publicou sua primeira obra: Uma lágrima de mulher.
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