Bolsa familia e bolsa escola é a mesma coisa

As diferenças conceituais entre os programas Bolsa-Escola - criado no governo Fernando Henrique Cardoso - e Bolsa-Família - implantado pelo atual governo - foram o principal tema em debate durante audiência pública realizada nesta quarta-feira (24) pela Comissão de Educação (CE). A pedido dos senadores Cristovam Buarque (PDT-DF), Rosalba Ciarlini (DEM-RN) e Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC), a audiência foi convocada para debater problema apontado em reportagem publicada na imprensa, segundo a qual a evasão escolar permanece alta, apesar da ampliação do programa Bolsa-Família.

Na abertura da audiência, os jornalistas Paloma Olivetto, do Correio Braziliense, e Luiz Ribeiro, de O Estado de Minas, ressaltaram a falta de esperança de crianças e jovens de cidades do interior do país, mesmo que beneficiadas pelo programa. Paloma disse ter se deparado com um "cenário desolador" no interior do Nordeste, onde o sonho de muitos jovens é o de tentar a vida cortando cana em São Paulo. Ribeiro, por sua vez, considerou marcante o desinteresse de crianças e adolescentes pela escola.

A secretária nacional de Renda Cidadania do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Rosani Cunha, atribuiu as dificuldades relatadas pelos jornalistas a uma história de "desigualdade e exclusão". Ela informou que 11 milhões de famílias são atualmente beneficiadas pelo Bolsa-Família e que é necessária a presença a pelo menos 85% das aulas para que as famílias dos estudantes recebam o benefício. Segundo a secretária, 12 milhões de crianças e jovens são acompanhados individualmente pelo governo. Mas ela admitiu a necessidade de se ampliar o controle de freqüência, uma vez que 3 milhões de estudantes ainda não são acompanhados.

Ex-secretário nacional do Bolsa-Escola, o gerente do programa Escolas Técnicas do Distrito Federal, Marcelo Aguiar, lamentou que o foco principal do governo tenha se deslocado da educação, como no programa anterior, para a assistência social, como no Bolsa-Família. Na sua opinião, é preciso discutir como retomar a "centralidade da educação" e estimular, nas famílias, o interesse pelo desempenho dos filhos na sala de aula.

O coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, disse que o problema da evasão escolar é complexo e sugeriu ao governo que adote, ao lado do Bolsa-Família, medidas destinadas a melhorar a qualidade do ensino.

Ao adotar o novo programa, disse o secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação, André Lázaro, o governo "não desqualificou a escola". Assim como Cara, ele recordou a existência de diversos motivos para a permanência da evasão escolar, como a ausência de transporte escolar e a precária formação dos professores.

- O Brasil é capaz de fazer escola de altíssima qualidade para poucos. O desafio é o de garantir escola de qualidade para todos - afirmou Lázaro.

Cristovam Buarque observou que existem concepções diferentes por trás dos dois programas. Enquanto no programa anterior a ênfase principal era a escola, comparou, no Bolsa Família a prioridade passou a ser a transferência de renda. Após recordar o controle de freqüência que existiu no programa Bolsa-Escola, implantado por ele quando governador do Distrito Federal, Cristovam elogiou o governo mexicano, por adotar um controle diário da presença na escola, por meio de chips embutidos em cartões fornecidos aos estudantes.

Rosalba Ciarlini lamentou a falta de esperança relatada pelos jornalistas presentes à audiência. Na sua opinião, é preciso "despertar o interesse dos jovens em buscar oportunidades na vida". A senadora Fátima Cleide (PT-RO) elogiou o trabalho dos jornalistas e pediu que a imprensa também divulgue experiências exitosas em educação, como a de Porto Velho, onde crianças são levadas às escolas em lanchas com toda segurança.

A senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) lamentou que a escola, após a adoção do Bolsa-Família, tenha deixado de ser tão importante para as famílias. O senador Mão Santa (PMDB-PI) criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por haver dito que era muito cansativa a leitura de livros. Por fim, a senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) advertiu que nenhuma bolsa será suficiente se não for acompanhada de uma preparação das escolas para receber bem os alunos.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Quem tem direito ao Bolsa Família e Bolsa Escola?

O Auxílio Brasil é pago a famílias em extrema pobreza (renda mensal de até R$ 105 por pessoa) e na pobreza (de R$ 105,01 até R$ 210). Todas as famílias inscritas no antigo Bolsa Família também têm direito ao benefício.

O que significa bolsa de escola?

Programa idealizado para dar condições para que as crianças estejam na escola e se preparem para um futuro com um maior grau de escolaridade. Tirar as crianças das ruas ou do mercado de trabalho e devolver a elas o direito de estudar é o significado básico do programa.

Qual e o valor da Bolsa Escola?

O valor da bolsa 2022 é de R$ 51,00 por criança cadastrada no grupo familiar; Os recursos precisam ser gastos em materiais escolares, em estabelecimentos cadastrados pelo Governo do estado; O benefício serve para o custeio de materiais básico para estudos, como caneta, lápis, caderno, mochila, entre outros.

Quem tem direito de receber o Bolsa Escola?

Quem tem direito ao Bolsa Escola 2022 (Mais Bolsa Família) Renda familiar média de até R$ 170,00 (valores por pessoa); Família precisa estar inscrita no Cadastro Único de benefícios sociais do Governo Federal; Precisa ter todas as crianças do grupo familiar cadastradas em escola pública.